sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

As Cercas

Na casa ampla, cercada por um jardim bem cuidado, ostentando uma piscina, ali habita a família Dezgozto. pessoas bem quistas na sociedade. O pai sabe ganhar dinheiro, e a mãe sabe criar os filhos - não fale com estranhos, não divida o lanche da escola com o coleguinha mais pobre, para não criar vicio, e querer te parasitar. Muros altos,cães ferozes soltos à noite pela área. cerca elétrica garantem proteção maior. Um vigia noturno e dois seguranças durante o dia. Uma pistola na gaveta do escritório. Patrimônio vasto, contas bancárias recheadas - os negócios de vento em popa. E uma cerca elétrica separando-os do mundo - a mãe ja criava a sua cercazinha para o filho.
- Querido, a sua tia Belenzinha te ligou na semana passada.
- Na semana passada, e só agora me diz...
Pobre não tem importância, nem digno de um recado é merecedor - pensava a rica senhora.
- No Natal passado fizemos uma linda ceia, daquelas, veio todo mundo - comeram, bagunçaram, sujaram tudo e foram embora. Odeio pobre. No ano que vem, nada de Ceia para eles, não podemos mais nos misturar com essa gente. Somos ricos, somos gente fina, da elite, temos pedigree.
A cerca do dinheiro é muito mais do que eletrificada, cria-se um abismo de dimensões desmedidas que se separa o homem de Deus, o pai do filho, da mãe, da tia e do avô- dizia o pastor para os fiéis na igreja lotada.
Fui numa ceia natalina no ano passado, de um parente rico, e foi ali, que me converti, ali ao ver que jesus veio para o mundo numa manjedoura, numa estrebaria, junto de vacas, ovelhas e cavalos. Eu disse pra mim e pedi a Deus para que me iluminasse, me mostrasse o caminho para fazer sucesso na vida, e hoje sou pastor de ovelhas. Tenho uma vida de conforto, sou feliz.
- Pastor, atravesso a cidade de bicicleta so para ouvir a palavra na voz do senhor que é um homem de Deus, e não esqueço de trazer o dízimo.
Soaram palmas, a igraja em uníssono, para aquele fiel. Ao fim do culto, o pastor saiu num Honda Civic, com destino ignorado, talvez, para um condomínio de luxo à beira-mar. Depois do Natal, ninguém mais é o mesmo, nem depois do ano novo, o ano é o mesmo.  A cerca da religião pode orientar e pode conduzir ao abismo - cego guiando cego.
- Querido, vamos fazer o aniversário da Lia de 08 aninhos, convide aquele seu amigo, vocês so andam juntos.
- Não gosto de misturar as coisas, não gosto de trazer amigos pra minha casa, depois vai procurar intimidades com minha mulher, não sei, não. A nossa amizade é ele la e eu ca.
A cerca da insegurança, da desconfiança reduz a amizade e a irmandade entre as pessoas que se amam.
Muitas são as cercas que circundam as relações humanas, bem eficientes. As cercas protegem e defendem, quando não, afastam, isolam. cada qual com a sua falsa felicidade - cada um por si e Deus contra todos.
 -Vamos fazer um churrasco com a turma do baba.
- Vamos, so vai participar quem colaborar, o André é um bom sujeito, mas vive sem grana, ele tem que ficar de fora.

 As cercas são intermináveis...


 Fim












terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Vampiros e Bruxas

Na noite dos desvalidos, criaturas, que outrora, hibernavam em tumbas empoeiradas e em gélidas cabanas no pântano saem para a noite em busca de realizar desejos sinistros. Filhos do mal, parceiros do senhor das Sombras - se quer tiveram a oportunidade de serem aceitos no inferno.
Vivem entre os vivos em busca de saciar a sede, a eterna sede de felicidade. Os mortos têm o direito ao sono eterno - as criaturas da noite são os malditos da eternidade.

 - Estive entre os Celtas, e venho ao longo dos séculos sustentando uma exisência sem sentido. Conheci a Babilônia dos poderosos, a Macedônia. Estive entre os navegantes que cruzavam os mares, em busca de novas terras e riquezas. participei de grande aventuras, todas voltadas para a conquista do poder ou a manutenção deste. habitei em castelos e em vilas medievais, Assisti os gladiadores no Coliseu romano em sacrifício de sangue de inocentes. Estive por longos séculos na Acrópole grega. Vi a areia do deserto surrar as paredes de pedra das pirâmides egípcias - viajei muito pelo mundo - adentrei pelos palácios hindus.  Andei pela muralha da China. Mesmo na América, fui um pelegrino pelos monumentos astecas, maias.
- Andava muito pelo mundo, homem...
- Sim, em busca de algo, eternamente em busca de algo que jamais encontrei...
Por fim, acompanhei o domínio da Coroa Portuguesa na Colônia conhecida como Brasil. Vi e presenciei os escravos serem castigados e serem libertos. Hoje, encontro-me numa existência que so me faz sofrer, porque não encontro o  eu fim. Pode me ajudar..?pergunto...
 - Sabe que não trabalhamos com mentiras. Não poderemos fazer muito, mas poderemos tentar. Ficamos fascinadas com suas histórias Emannuel, fale-nos um pouco mais de suas andanças pelos séculos. Acho-te  como um deus das eras, um ser de todas os momentos da humanidade. Conheceu todos os poderosos da história da humanidade. isso é fascinante.


- Andei em regiões das mais diversas. Acompanhei a trajetória do Messias pela Judéia, Canaã e demais regiões. A sua crucificação foi injusta, so havia amor em suas palavras - desde áquela época o mal ja me atingia. Eu olhei em seus olhos, clamei em silêncio, e ele por mim nada pôde fazer. Curou cegos, enfermos e coxos - e eu permaneci no meu mal. Assim como convidou o homem rico para que abandonasse ás suas riqueza e o seguisse, pediu a outros que deixassem as famílias e o seguisse, chamou os pescadores a se tornarem pescadores de homens - comigo existiu o silêncio, um olhar e me deu ás costas. Levou consigo o meu primo Judas.

- Na verdade, não temos uma receita, Emannuel, trouxemos-o aqui, porque temos admiração sublime por sua pessoa. Nós não somos tão antigas. temos uma existência longa, mas, breve, se for comparar com sua maldição. Ao fim de mIl anos, perdemos nossas forças e perecemos. 

 - Mas, que maldição, se nada podem fazer por mim, como não puderam fazer os mágicos dos faraós, por quê me trouxeram até aqui... será que eu que vi Moisés guiar seu povo pelo deserto me deixei enganar por uma convenção de bruxas horrorosas, caquéticas, decadentes...?

- Temos poderes mágicos, meu caro. Fazemos feitiços, porções encantadoras que ja seduziram reis, rainhas, príncipes... Fomos provedoras de inúmeros poderes de reinados. Mas somos limitadas em existência, findamos ao longo de Mil anos. Morremos, ja disse. Você é do tempo de Moisés, impressionante isso.
- Droga, velha o que está querendo dizer, fale logo.

 - As bruxas estão sendo devoradas pelo tempo. A Santa Inquisição da igreja Católica foi uma desgraça para nós. Somos poucas, e não queremos que sejamos extintas, homem. Muitas foram as buscas, séculos de pesquisas, até chegar ao seu clã - você foi bisneto de um amaldiçoado personagem de eras antigas.

- Sim, sou da família de Judas Iscariotes, meu primo, mas o que tem isso a ver...?
- Nada, nada... todos nós temos uma descendência de vergonha, eu mesma sou bisneta da Rainha Vitória. Orgulhe-se de ser eterno, Emanunuel. Você é a história viva da humanidade. Deve ter tido paixões, muitas foram as mulheres que possuiu ao longo dos séculos - Sabemos que teve em sua alcova muitas rainhas e princesas, e dizem as más línguas, reis e príncipes.

- Vocês ocuparam o meu precioso tempo com asneiras. Eu quero morrer, deixar de ser eterno - nada podem fazer por mim, saiam de minha frente, irei embora - sou um vaga-mundo.
 - Emannuel, trouxemos-no aqui para que nos inicie, queremos ser vampiros como você e sobreviver ao longo dos séculos. Não queremos mais sermos bruxas. 

 - Acha que vou iniciar nesta maldição criaturas da estirpe de vocês, bruxas enrugadas, feias, asquerosas e fétidas... e sem pedigree?

 E, após um burburinho, em grupo numa demonstração de poderes mágicos extraordinários, as bruxas fizeram seus encantos e viraram lindas e sedutoras jovens.
- Sinto muito, mas não ha pureza em seus seres. O mal que habita em meu ser ja existe em vocês. Que morram ao longo de um Milênio. Em nada acrescentaram na história da humanidade.
 E, trasnformando-se num morcego, Emannuel vôo para longe. A lua cheia brilhava no céu estrelado, como a mais magnífica pérola na abóboda celestial iluminada. Bruxas irritadas, praguejavam aos berros -  voavam em vassouras, dando vôos nervosos, rasantes. Desejaram naquela noite experimentar o calor dos beijos do Príncipe dos vampiros, serem iniciadas, mas o desprezo daquele que ja viveu tudo o que jatinha vivido ao longo dos séculos - e desejava o seu fim sem ter como encontrá-lo - eterna infelicidade, nada de beijos e apertos em bruxas. Para alguém que ja havia beijado Cleópatra, Madalena, a rainha Vitória e a princesa Isabel.







O Eterno Beijo

Uma chuva fina tilintava  no asfalto . Uma ventania sibilava entre os prédios daquele bairro barra pesada. Ruas desertas. A passos largos, Andrea seguia na direção da casa de sua avó materna. Vestia um sobre-tudo e escondia o rosto com o capuz protetor de chuva de peça da roupa - talvez, assim escondesse o seu sexo, e se livrasse da iniciativa marginal de algum desajustado social, que porventura, estivesse disposto a cometer um crime naquela noite tão propícia ao delito contra a pessoa. A roupa folgada escondia as suas formas femininas, fora escolhida de forma intencional.


A cada rua vencida, um alívio angustiante. Pretendia repousar com a avó, que estava meio adoentada. O seu carro estava quebrado. Pegara o ônibus, que a deixou um quarteirão atrás - havia descido, por engano - já que tem um ponto de ônibus defronte á residência de sua avó. Seguia praguejando, e orando - pedia a Deus que a protegesse dos criminosos. A violência é o grande mal do século - aliás, de todos os séculos. Sempre levava na bolsa alguma grana para o ladrão, caso fosse assaltada." Os ladrões espancam ou matam vítimas que nada possuem de valor", avisava sua avó.
Imagina, que vida essa, ter que sair pronta para ser assaltada - vida moderna- segurança pública falida - a qualquer momentyo, pode-se ser assaltada, estuprada,assassinada - pensava.. Seguia reclamando. A chuva crescia em intensidade. Quando ja estava na porta, viu de soslaio, o relance de um vulto a observá-la.

 - Quem está ai...?
- Não precisa ter medo, moça bonita. Sou morador do bairro, sou vizinho.
Soou a tranca , sua avó abriu a porta, de forma vagarosa. Andrea entrou sem dar atenção ao estranho. Rápida, fechou a porta. Sentiu a mudança de temperatura ambiente, se livrou do sobre-tudo, que ja estava enxarcado.
- Minha avó, precisa sair desse bairro, está a cada dia mais violento, sombrio e abandonado pelo poder público. Uma vizinhança...
 - Ora, meu bem, moro aqui há mais de 30 anos, nunca me fizeram mal. Ja vi quadrilhas surgirem, morrerem. Jovens marginais fazer carreira, depois serem presos. ja presenciei todo tipo de violência. Estupros, assassinatos, brigas de vizinhos, confrontos mil entre a polícia e os marginais. Ah, se eu for parar pra te falar, você nunca mais voltará pra falar comigo. Moro num dos bairros mais sombrios da cidade.

 Dizia a velha, com voz rouca, pousada e soltando risadinhas, entre uma frase e outra.
 - Menina, devia ter vindo de carro, ficaria mais fácil, nem precisa dizer, mais uma vez saltou no ponto errado.
Sentaram na sala e tomavam um chá pra esquentar o frio e quebrar o gelo. Era uma senhora de quase 90 anos de idade, lúcida e de forte mobilidade.
- Para quem acha que estou no fim da vida, tenho uma grande surpresa, ainda vou enterrar muita gente.
 Dizia a velha exibindo um largo sorriso na sua enrugada face. A neta permanecia calada, parecia não querer papo. Via as bobagens da tv, e folheava uma revista com notícias das novelas. Olhava a senhora idosa se locomover pela casa, tomar seus remédios, arrumar suas coisas e se aprontar para dormir. Usava meias para dormir, mesmo no verão.

 - Não precisa vir pra ca, eu avisei, aqui é monótono. Não tenho computador nem internet. So tenhos livros na estante. Jorge Luís Borges, Poe, Bukowsky, Jorge Amado, Machado de Assis.. Sua cama ja está arrumada. Tem chocolate com leite e biscoitos na cabeceira de sua cama. Tem frutas, se quiser na fruteira.
Depois de alguns minutos, Andrea resolveu se recolher. Foi no quarto da avó, observou-a deitada na cama. Aproximou-se, sentou na cama, curvou o seu tronco e lhe deu um beijo na face. Ouviu o vento nervoso sacudir a vidraça da janela do quarto, a chuva voltara com intensidade, noite sombria, sem lua.
Saiu do quarto da idosa, com maus presságios, talvez, fosse aquela a sua última noite de sono seguido do amoroso eterno beijo de neta.












quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

No Ir



Na noite dos desvalidos, ele sabia que o inevitável e trágico beijo da morte tocaria os seus lábios, seguido de um abraço gelado- a qualquer momento. Ao sair do seu cotidiano, sentia-se em extase, fugindo de si mesmo, expressando-se ao infinito, esgueirando-se por cenários sombrios – onde o breu das sombras era tão necessário, quanto uma arma em punho, engatilhada. Que tom melhor haveria para o ambiente onde vivia um amigo no ir – não havia aceito o convite para entrar para a sua firma, mas conservou a amizade. E as visitas eram frequentes.
Não era sonho nem pesadelo, apenas mais uma noite daquelas, de máscaras intensas de dor, de escárnio e desespero. O vento frio insistia em sussurrar a palavra morte. Uma inquietante trilha sonora de disparos, temperada com ruídos inaudíveis de palavrões, de ódio profano. Mas  não recuava, insistia em ir a passos trôpegos, inseguros. Aquele não era o seu mundo, o seu refúgio – mas era o seu jogo de xadrez embebido em sensações provocantes, extasiantes.
Feições inesquecíveis o fitavam, mas tinha uma doce como as de Lauren Bacall. Pulsantes ressonâncias escondidas, com cinematográficas mortes. Esfaqueados homens pelo destino cruel de uma vida bandida. Cheiro de pólvora, orifícios na carne maculada. Cheiro de sangue e suor numa pálida noite sem luar. Dólares por tudo, para tudo – dilacerando almas perdidas. Corpos à venda por uma bagatela – para o prazer de muitos. E, ele de espectador.
O local do encontro era uma encenação da paisagem urbana mais assustadora possível daquela longa noite. Ele costumava lembrar o que o amigo lhe dizia: “ já foi tudo vivido, e aos personagens so resta cumprir o destino de  defender a lei, ou o crime.” Desespero de vida e de morte. Heróis de triste fisionomia que fazem o trabalho sujo, mas com grande desculpa. Fazem isso com planos bem urdidos, absolutamente cinematográficos, no ir.
Não sabia como podia deixar a  esposa em casa, seus dois filhos na tranquilidade do lar de um simples operário e sair naquela aventura – era de uma irresponsabilidade desmedida. Queria, sim saborear o perigo, repleto de adrenalina. Presenciara dívidas eternas sendo cobradas à ferro e fogo. Vira homens destinados a morrerem sem glória. Corpos perfurados pelo chumbo, corpos abertos pela navalha assassina - para logo em seguida ser alvo do bisturi do legista, de lâmina gélida e suave. Órgãos pousando em suas mãos, na balança. Homens feito ratos, sem Deus nem o Diabo no coração. Um enterro num cemitério pálido, numa cova rasa – uma encenação fúnebre  de poucos acompanhantes –  posto numa lápide sem importância.
Notícias vermelhas estampadas nos jornais – de ações criminosas que ele presenciara a trama ser feita, planejada ao tilintar dos copos de uísque e sob a fumaça cinza das cigarrilhas. Fortunas nas mãos dos inescrupulosos desajustados sociais, de terno e gravata – com uma arma no bolso. Seguranças truculentos, assassinos frios. Noite boa para se matar e morrer.
- E, então, como foi o seu dia...
- Como sempre, a mesma monotonia de sempre. Descarrego o carro de carne, levo pro açougue, retalho e vendo. Meus clientes, os mesmos velhos e gordas senhoras, de sempre. Termino o dia com a roupa branca encardida do sangue vermelho.
- A sua chegada até aqui...
-Como sempre, tensa, com aquele toque inevitável, mórbido de que seria a minha última visita, mas deu tudo certo, sucesso, cheguei vivo.
O bar funcionava num beco úmido, emporcalhado. Pairava um odor de podre no ar. Um ambiente barra pesada, daqueles. Centenas de caixas de uísque contrabandeado estavam empilhadas ás suas costas. Ali, era frequentado pela escória social. O ambiente era esfumaçado. Palavrões de todos os tipos ecoavam. Algumas bailarinas semi-nuas, ensaiavam movimentos sensuais de quadril. Seios despidos, olhares lânguidos que despertavam prazeres , de toda ordem.
Arrasto uma cadeira, sento. Acendo uma cigarrilha. Entro para o carteado. Sinto-me como se estivesse correndo riscos. Todos estão armados. A polícia poderá chegar a qualquer momento. Estou no esconderijo do meu amigo de infância. A cidade é Chicago, a cidade do pecado e dos crimes violentos. A mulher, de beleza de Lauren Bacall se insinua pra mim, aproxima-se  e me beija na boca. Ele a  afasta da mesa e diz:
- Ele, não, é meu amigo de infância. Deixe-o em paz.
Dou um sorriso de canto de boca, e encho os nossos copos com o uísque, de fabrico particular. Sinto-me importante pela sua amizade . Ninguém sabe, nem a minha esposa, que eu sou amigo de All Capone.


Fim

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A Bela e o Rei dos Reis

Jesus circulava pelos arredores pregando, enquanto seguidores de Barrabás, com seu bando de mal-feitores fazia saques e assassinava um  grupamento do exército romano, de emboscada. Barrabás tinha a simpatia do povo, pelas muitas festas que oferecia, com os saques que realizava na calada da noite, ou em cidades desprotegidas pelo exército romano. A Galiléia havia recebido a visita de Jesus, fazia uma semana. O povo o saldou com galho de ramos, como se fosse um rei.

César, estava ansioso pela captura daquele que falava mal do governo romano e pregava o amor e paz. Madalena descansava na Judéia, após ter sido contratada para servir como instrumento de diversão do General Caldélius, da guarda de  Pôncio Pilatos.

Relaxava em uma residência confortável, tomava banho romano, e era servida pela criadagem como se fosse uma rainha. Gostava de beber muito vinho e de comer pão feito na hora pelas mãos das cozinheiras. Entre as suas predilações estava o banho de tina,  - onde dois ou mais criados a molhavam, enquanto o seu corpo relaxava num banho de folhas aromáticas. - Era despudorada - todos eram senhores de sua nudez.

Costumava às vezes ficar por horas a fio desnuda, circulando pela casa, dando ordens - brincava de senhora, ou rainha. Olhos gulosos a devoravam, as mulheres da casa faziam comentários de censura. A criadagem a desejava, pois, tinha corpo escultural, pele de beleza incomparável, de brancura diáfina - cuidava do seu instrumento de trabalho. Tinha um sonho secreto - encontrar um homem de poder, do poder romano e ser uma mulher feliz, como as poucas mulheres que conseguiam obter um modo de vida feliz naquele estado cruel, dominador e escravocrata.

Roma estava sempre em guerra, conquistando todos os cantos do planeta com o seu exército poderoso. Ser a esposa de um General, Capitão, ou até mesmo de um soldado valoroso era um bom negócio. Caso o soldado morresse em batalha, mesmo assim teria o amparo do governo para o resto dos seus dias, e poderia ter um novo casamento, desde que fosse entre os homens que serviam ao exército romano.

A sua fama corria fronteiras, Madalena era cortejada por gente de alta patente - mas, passou a se ver apenas como um brinquedo para relaxar os poderosos da máquina de guerra - e, não era o que queria. Porém, quando estava  a serviço tratava de aproveitar ao máximo, todo o conforto que lhe ofereciam - tinha vida de rainha por onde passava. Muitas vezes, os serviçais de baixo escalão, eram que na verdade se serviam dos seus favores de alcova - um General tem muitas ocupações,e ela queria relaxar e sair do tédio de passar dias e noites sem afazeres, sem nenhuma atividade. Teve o dia que foi obrigada a dançar nua para o General e seus melhores homens, cerca de ciquenta homens famintos, cansados e feridos que passaram meses sem sentir o calor de uma mulher - e, ali teve que passar de mão em mão até que chegasse a total exaustão. Os meses foram passando, e acumulava já mais de 30 dinares, de pagamento pelos seus favores sexuais. Talvez, acumulasse mais de 250 dinares. havia ganho, também, de presente dois camelos, cinco ovelhas, um jumento e algumas mantas. 
Numa tarde de tédio, de sol escaldante, onde as mulheres cuidam de suas vaidades pessoais, estava Madalena cuidando de seu corpo.

- Ele está próximo daqui, dizem que sabe do risco que corre, mas que virá para buscar algo de preciosidade incomparável. Sendo capturado, será um homem morto.
Dizia uma das criadas, enquanto escovava os seus longos e negros cabelos. Tinha tomado um banho de ervas e uma massagem relaxante.
-Quem... - indagava, Madalena, sentindo o carinho dos dedos finos da criada em seu pescoço - num finalizar de massagem.
- O Nazareno, nunca ouviu falar dele...
- Ah, ja, dizem que é um homem santo, outros dizem que é um maluco que desafia o poder de Roma. Temo por ele, com certeza, um dia será capturado e vai ser crucificado.
- Você tem alguma simpatia por ele... Dizem que ele é o Messias, o prometido por Deus para nos salvar.
-Todos gostam dele, pelo o que ouvi falar, ele é um homem diferente. Claro que não desejo o seu mal.
Então, a criada lhe confessou que lhe era simpatizante, era cristã. Seguia os ensinamentos do Nazareno, e era sua colaboradora. Ajudava-o com informações preciosas para que não fosse capturado pelo exército de Roma, e que pudesse fazer as suas pregações pela região. Tratavam de passar informações dos deslocamentos da guarda de Roma.
-Mas, é importante que ele arrisque sua vida falando dessas coisas de amor e paz...
-É, ele veio para mudar o mundo.
-Ele seria capaz de mudar uma pessoa, lhe apontar caminhos para a felicidade...
-Claro, ele é o caminho, a verdade e a vida.
Com a partida do General para o coração da Àfrica, sete dias depois, Madalena foi arrastada pelos cabelos, em praça pública e apresentada a Jesus pelos religiosos daquela localidade, e, então aconteceu aquela conhecida cena da tentativa de apredejamento...disse Jesus para a multidão enfurecida:

-Atire a primeira pedra aquele que não tiver pecados.
Então, todos foram se retirando, um a um, em silêncio, cabisbaixos.
Daquele dia em diante, madalena abandonando a prostituíção, junto-se com a sua mãe, Maria, passou a seguir Jesus, até que foi para a cruz, no Gólgota.Na passagem para o Gólgota, Jesus, ferido lhe confessou:


- Vim para cá para salvar a sua alma, sabia da sua fama entre os homens de poder do exército romano e entre os homens da política.
Agora, faça a sua parte, não me abandone, jamais. Passe tudo o que eu disse por ai.
Maria afastou-se, abraçada com a mãe de Jesus, havia lido nos olhos daquele condenado que a luz nunca morre, e que só o corpo perece.


-Jesus, vamos aguardar o teu retorno, sei que é imortal.
Um soldado romano a golpeou com o escudo jogando-a ao solo, deu duas chicotadas no lombo de Jesus - seguiram para a crucificação.




















sábado, 3 de dezembro de 2011

Epitáfios



- Dalva diz que da janela do seu quarto o vê andando pela madrugada, depois fica sentado num dos bancos da pracinha com se fosse um jovem preocupado com a vida, com o olhar perdido. A janela do seu quarto  fica defronte ao local, onde costuma ficar  esse garoto -, é bem estranho. Ela diz que ele não sai da porta do cemitério da Piedade.Lança olhares para ela, da praça -, vítreos e insistentes.
- E os pais dele não vêm isso...? Estranho demais.

- Não sei, o que sei é que não quero ele andando com a nossa filha, pouco me importa se está apaixonado, sofrendo, perdendo noite de sono por ela. Dane-se. 
Encerrado aquele diálogo noturno, então, resolveram repousar. A madrugada se estenderia, em breve. Gatos pululavam entre os telhados das casas. E, lá estava ela, uma magnífica lua cheia sobre as nuvens, numa noite bela e estrelada. Dalva, ainda estava acordada navegando na internet, como de costume - quando tinha poucos deveres da escola. Tinha um blog, onde escrevia e postava poesias, e contos. Escrevera naquela noite, inspirada na bela noite que avistava da janela do seu quarto.
Falava da lua, das estrelas, da noite e de paixões noturnas e proíbidas. Após finalizar a postagem admirava a sua obra, como se fosse a maior obra-prima criada pela mais talentosa literata.
Dalva era uma menina de poucos amigos. Tímida, de poucas palavras, apesar de exuberante beleza física. Assemelhava-se com a bela e sedutora Merilyn Monroe. O seu quarto era decorado com fotografias dos maiores artistas de cinema da atualidade - com alguns da velha-guarda. Uma estante, ao lado de sua cama estava cheia de livros de suspense, mistério e de alguns romances de historias açucaradas. Fechou o notebook, jogou-se na cama. Os olhos no teto, as mãos em formato de concha na cabeça. Cruzou as pernas e soltou a sua imaginação refletindo a respeito de sua vida na escola e na família. pensou alto: -" eu sou uma tola, e minha vida não tem sentido algum, se não fosse o meu blog..."
Tales, o garoto estranho ergueu-se da cama, estava com o corpo frio, como de costume. Talvez, a sua pressão arterial estivesse mais uma vez alterada, fora do normal. Daquela vez não chamou a sua mãe. Ela lhe daria a mesma resposta, a de sempre. Então, como de hábito, desceu lentamente a escadaria, pulou uma das janelas, e usando a fina e firme árvore como escorregador. Pisando na grama, chegou à praça da Matriz, ali, sentou num dos bancos, e ficou aguardando a noite passar. Um chuvisco fino, de repente caiu, mas não lhe incomodou. Não saiu do banco. Até, que virando o rosto avistou a rua   do cemitério. Aquela não seria uma noite diferente, levantou-se e foi andando lentamente em direção ao cemitério. Queria saber, como sempre, se ali, repousavam figuras distintas da sociedade feirense - mais gente do povo, anônimos, que morreram de todas as formas possíveis. Buscaria saber se existem fantasmas - " será que as almas ficam no cemitério junto ao túmulo, após abandonar o corpo de matéria"? - pensava assim. Uma ventania simplória lhe acariciava o rosto pálido. As ruas estavam desertas - o silêncio da noite era quebrado ao longe, pelo apito do vigia noturno do posto de gasolina, que ficava próximo à praça. O seu cão ladrava a cada soar do apito. A noite seria longa. Tales andava pelos corredores, entre as covas, e lhe chamou a atenção os epitáfios. Foi lendo um a um: " Sê fiel até á morte e dar-te-ei a coroa da vida" - apocalipse 2:8. Andou mais alguns passos e, mais um epitáfio : " Não acenda velas, estou dormindo". Este lhe arrancou um sorriso gelado. Teve mais este: " Nada no mundo pode me fazer esquecer de você, vó, minha rainha. Viver sem você não é viver, é apenas existir". Juliana, 9 anos, neta.
E, este o deixou hipnotizado: " Eu que nunca um so momento, senti paixão pelo ouro, hoje por causa da morte, guardo enterrado um tesouro".
Sentou-se numa tumba, ainda banhado pelos pingos da chuva fina que insistia em molhar a noite. O olhar perdido, no solo, como se fosse o mais desolado dos homens. A respiração, por segundos inexistente,  quase não lhe fazia sentir vivo.
- Oi...
Jamais acreditaria que uma voz feminina soaria às suas costas.
-Eu olhei pela janela do meu quarto e te vi andando pelas tumbas, achei meio estranho. O meu quarto fica no andar de cima e de frente para o cemitério, como você tem passado...?
- Ja andei entre as tumbas de cemitérios de muitos lugares, não é estranho. Gosto de fazer isso, é um dos meu melhores passa-tempo noturno.
- Nossa, isso é muito estranho. Meus pais não querem a nossa amizade. Ja comentei com eles a seu respeito.
- Seus pais não sabem que existem cemitério que são lugares turísticos, que recebem visitantes de todo o mundo..? Ja visitei o túmulo de  Chopin, no cemitério do Pére-Lachaise, em Paris. E vi, também, o jazigo de Allan Kardec.
- Nossa, você ja esteve no exterior, e em cemitérios, você, não sei não.
- Visitei o túmulo de John F. Kennedy, no cemitério Nacional  de Arlington na Virgínia nos Estados Unidos. Admiro o bom gosto na arquitetura dos mausoléus. Em Portugal, visitei o túmulo de Camões. Tem um lindo jazigo.
- Como pode fazer isso, as demais pessoas gostam de viver, são alegres e amam a vida, vão ao shopping, cinema, praia - você parece ter uma irresistível e mórbida atração pela morte.
-Ja estive na Argentina, visitei o túmulo de Evita Peron, fica no cemitério La Recoleta, em Buenos Aires. Eu adoro a morte, o silêncio reinante num cemitério, confesso. escute:
" Je désire
que mes cendres
reposent sur les bords de la Seine
au milieu de ce
peuple français
que j´ai tant aimé".
- Isso em francês ta aonde...?
- No jazigo de Napoleão Bonaparte.

- Nossa, você foi mesmo para esses lugares...é engraçado.
- Estamos sentados no jazigo de uma grande personalidade, Eduardo Froes da Mota, de Feira de Santana. Ah,sim, Monteiro Lobato - estão  os seus restos mortais no cemitério da Consolação, em São paulo.
- Você viu tudo isso na internet, não foi...?
- Veja como quiser...eu posso ir a muitos lugares e sem gastar um centavo. Eu simplesmente, apareço por la, acredite.
despidiram-se após a troca de poucas palavras - frases curtas. O chuvisco fino retornara, de forma pertubadora. Dalva, não sabia avaliar ao certo, quem na verdade era Tales - por momentos, chegou a pensar que ele era desequilibrado, digno de se tratar com um psicólogo, mas, havia sentido muita firmeza nele - naquela paixão pelos cemitérios. Havia o conslo de ter tido uma noite diferente. Nem sabia, ao certo como teve a fortaleza de sair de casa áquela hora da noite e ir encontrá-lo no interior do cemitério. Teve calafrios, quando adentrou pela escuridão, entre as covas, sendo coberta pelas sombras dos jazigos. Sentia um míster de medo e euforia. Nem piscava os olhos ou respirava direito - com o coração em fúria, seguia em busca de encontrar o garoto Tales, que andava a passos curtos, lentos por entre as tumbas. Entrou em sua casa.
A noite seguia. Dalva recolheu-se, custou a pegar no sono. Ergueu-se pela última vez, num impulso de curiosidade e olhou pela janela na direção do cemitério. Tales não foi mais avistado. Soava ao longe o apito do vigia noturno, seguido do latido do seu cão, latidos nervosos. A chuva de verão estava passando.
Na manhã ensolarada, o vigia noturno, antes de ir repousar em sua casa, após uma longa noite fria, dirigiu-se este até á casa da menina Dalva. Antes de tocar a campainha, foi surpreendido pelos seus pais, que saiam para a labuta do dia a dia.
- Bom-dia, eu quero falar algo para os senhores, é sobre a menina, a filha dos senhores...
- Pode dizer, temos pressa, o que há...?
Retrucou a sua mãe, com ares de nervosismo.
- A menina ontem à noite estava circulando pelo cemitério, indo de tumba em tumba. Passeava, com tamanha desenvoltura pela escuridão que me deixou surpreso. Vocês têm algum parente enterrado lá..?
- Não...
E, seus pais o acompanharam até ao cemitério. Disse o vigia:
- Aqui nesta tumba, ela ficou por longo tempo, sentada e parecia conversar com alguém, porém, não vi ninguém ao seu lado, até pensei que a menina estava em desequilíbrio, após perder um parente que muito ama
E, na lápide estava o seguinte epitáfio: " Vi as belezas da terranunca tive uma amiga de verdade, a minha alma muito cedo sonhou com o céu". Tales Azevedo - 03.09.1980 - 09.07.2000
 



























Amores Proíbidos

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A Nudez

A nudez é tolerada nas artes.

Nos quadros, desenhos, teatro, no cinema, na televisão. A nudez é tolerada entre quatro paredes, jamais numa praça pública.

A nudez é aceita dentro do banheiro, do quarto, numa praia de nudismo. A nudez é acolhida numa poesia - até mesmo num livro de baixa literatura, literatura elevada, comum e até em livros didáticos.

A  nudez pode estar numa escola de belas artes - jamais numa escola de ensino fundamental.

O pai não queria ver a filha  nua, mas, gostaria de ver a filha nua dos outros. A nudez não é tolerada numa cidade de gente dita civilizada, mas a nudez é aceita uma tribo de indios.

A nudez seduz, excita, instiga, desperta desejos comuns, normais e, até proíbidos, mas a nudez é agressiva mais do que qualquer crime.
Podemos ver a nudez das mãos, dos pés, rosto, braços - e até bundas e coxas na praia, à beira da piscina. 

Mas não pode a nudez dos seios, da xana. A nudez deve ser coisa de artista, o resto da humanidade não é nem indio.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O Vampiro de Feira de Santana

Depois de circular pela velha Europa,  ter uma  breve passagem pela fria Londres, Paulo André, resolveu estender as suas pesquisas e estudos para os países das Américas.
Deixou os EUA, de lado e veio parar no Brasil, no interior da Bahia, na cidade de Feira de Santana. Pesquisava povos que tinham orígens na Europa, em especial, uma família - os Pereiras.

De posse de um brasão, ali estava toda a orígem, dos verdadeiros Pereiras, por que Pereira no Brasil, é brincadeira, tem de bater de pau. De posse de uma árvore genealógica, descobriu que poderia estar em Feira de Santana a  geração atual daquela antiga família  da antiga  Europa, precisamente, da Transilvania. Ali, mesmo, onde se originou a maldição do Conde Vlad - conhecido como o Empalador.

Sabia André, que em Feira de Santana, havia uma antiga lenda urbana, a do lobisomem da Santa Mônica. E, era por ali, que começaria a pesquisar, entre os moradores mais antigos.

Dedicado às suas pesquisas - passava horas a fio, noites, feriados e fim de semana, debruçado sobre antigos manuscritos, livros centenários nas muitas bibliotecas do velho continente. Tinha total fascinação pelos vampiros - o que iria encontrar não sabia ao certo, apesar de tudo, era um obstinado.

Elaborara um projeto que custara, no mínimo 3 Milhões de dólares iniciais para organizações, das mais diversas, para que suas pesquisas fossem financiadas, sem ter que contar com dificuldades financeiras. O que havia conseguido não dava nem para começar. Então deu um golpe nos financiadores, e com o dinheiro subornou funcionários de bibliotecas, museus pelo mundo, cartórios para conseguir farto material de pesquisa.
Havia um elo mundial que ligava a família Pereira com todas as desgraças que havaim acontecido na humanidade, desde Vlad, o Empalador ganhara o poder e destroçara seus inimigos, num passado bem remoto. 


Ali, começava todas as eras de sombras para a humanidade. Queria provar que todo e qualquer golpe de estado, guerras, regimes ditadoriais que haviam se instalado nas Américas tinha orígem na maldição de Vlad, o Empalador. E, para fugir de derrocadas múltiplas, ao longo do tempo, estavam instalados naquela pacata cidade do interior da Bahia, prontos para o retorno triunfal.

Um novo exército estava sendo montado encoberto pelo sol do sertão. A terra estorricada, sem muita produtividade geraria os novos do terror. Mais tarde se tornará mais visível, o tal exército.
 
Consultando moradores octogenários, e até mais velhos de Jaíba, descobrira que ali, também, rondava a figura do lobisomem, e esta estadia do bicho se estendia por diversas cidades pequenas, povoados da redondeza - Coração de Maria, Jacuípe, Anguera, e outras. " Não é um bicho só, não - com certeza, um clã." - racionava assim, enquanto andava pela roça buscando vestígios da fera. "Onde estaria o lobisomem, da Santa Mônica - este, o mais recente em aparições públicas?" - perguntava para os seus botões.
Citavam um tal de madruga, um vigia noturno, era o maior suspeito, só que o mesmo desaparecera sem deixar pistas. Colhera a história  do padre italiano, que desaparecera misteriosamente, depois, sendo encontrado  em pedaços, próximo do rio Jacuípe.
Naquela noite, tivera que gastar certa quantia de sua conta bancária na compra de certo equipamento, o bastante para violar um túmulo no cemitério São Jorge - documentos apontavam que os restos mortais do padre estavam ali. Era uma noite fria na cidade, e em Feira de Santana quando tem noites de lua cheia, é lida demais. Olhou para o céu e via as nuvens num bailado sobre a lua. Uma ventania açoitava as copas das árvores - era uma noite de arrepiar. Só alguém de extrema coragem poderia estar num cemitério. Após o silêncio da coruja, ouviu:
 -Vai precisar de ajuda, moço...
Soou uma voz roca, calma em suas costas, deixando - o arrepiado.






Fim da I Parte

domingo, 27 de novembro de 2011

Delicias da Vizinha

De Lícia 

Do alto ela podia me ver, logo abaixo lavando algumas poucas peças de roupa. Fazia questão de se fazer presente com um som produzido pela garganta, aquele famoso hun-ruun, como se tivesse com o bichinho da garganta - contudo, na verdade queria que eu olhasse para cima e a visse. Eu não resistia e a olhava. E via suas coxas livres da peça de saia curtinha que a cobria, e podia ver a peça íntima, daquela vez, branca. Mas, ja esteve com preta, azul, creme e rosinha - todas pequenas, miudinhas, mesmo. Tentava a todo custo conter àquele poder de sedução que ela exercia sobre mim, mas, era coisa impossível de resistir, e eu olhava e me excitava.
Seu nome não sabia - nem a sua idade, ao certo, mas parecia ter menos de 20. O proíbido é mais gostoso. Todos pensam assim, acho. Seria casada, teria namorado - não sabia ao certo. Eu era novo morador naquele sobrado, raras vezes permanecia em casa, durante o dia. À noite, ouvia a sua voz, chamando pela mãe para ver as cenas da novela, ou reclamando da comida. Nunca vi uma voz de homem, que não fosse a do pai dela, acho que era o seu pai.
Minha roupa era lavada por uma lavadeira - agora, so mandava a metade, deixava algumas peças para lavar, logo pela manhã, quando ela se arrumava para a escola, e ficava do alto me observando. A porta do banheiro da casa dela fica em cima de onde eu ficava lavando. Aquilo me deixava bem excitado. Ela me deixava ver suas pernas grossas, roliças, e a calcinha.
Estranho que não dissesse nada, so me olhasse. Como passei a gostar daquilo, despensei os serviços da lavadeira, e , agora, tinha que lavar todas as peças que sujavam, antes de sair para a batalha do dia a dia.
Caso eu não a abordasse, acho que ela não o faria. Então, naquele dia que os pais delas saíram, e ela tava sozinha em casa, eu olhei pra cima, vi suas pernas, a calcinha, e falei:
- Oi, qual o seu  nome....
Ela : - De... Lícia... quer dizer, Denny Lícia. 
A frase ficou na minha cabeça com a  sonoridade e melodia que ela havia dito DELICIA. Teria sido proposital, uma provocação...
Eu engasguei, uma ereção se insinuou, logo abaixo, formando um volume considerável na bermuda. Então, ela avisou:
- Nem pense em besteiras, eu quero fazer um cursinho de inglês, e tô precisando de grana. Posso lavar suas roupas se quiser, cobro um bom preço. Vejo que ja não dar conta delas. Elas vão ficar alvinhas, uma delícia pra você sentir na pele.

 





terça-feira, 22 de novembro de 2011

Terror & Suspense



Um Furo de Reportagem

O chefe de jornalismo do Folha do Povo era um homem elegante. Trajava sempre camisas de esporte fino, calças Familly Teen - roupa  encontrada em lojas de grife. Usava sapatos da famosa marca Senior Boot, a marca de sapatos predileta dos artistas da tv e da música. Ironicamente, quem lhe dava toda essa elegância era o cargo de chefe de jornalismo de um folhetim policial, lido pelas camadas menos favorecidas - por que a única coisa que pobre lê  é jornal de crimes, ou notícias de futebol.

Manuel gritou pelo nome da mulher mais jovem e mais bonita da redação - ela estava sentada numa mesinha, confabulando com um colega de redação. Ao ouvir o seu nome ser gritado, de forma tão explosiva, tomou um susto, erguendo o rosto direto para sala do seu chefe. O seu coração deu descabelada palpitação - o que viria a seguir?- Refletia. O velhote tinha fama de taradinho-,andava cheio de galanteios pro lado dela. Vivia insinuando que àquela jornalista da tv, e tantas outras jornalistas aconteceram depois que passaram pelas suas mãos - o que realmente, ele queria dizer ao dizer literalmente " pelas suas mãos"?
- Sabia, que sou, Anna,  um homem de bom gosto, e acho que neste jornal tem alguém de gosto semelhante ao meu.
Ana não tentou se quer saber o por quê daquela observação . Arrastou uma cadeira e se sentou à sua frente.
Ele mais uma vez, chamou-a pelo seu nome, e elogiou:
Sabia que você é linda, linda de morrer...
Ela desconversou. Manteve as pernas cruzadas, não ousaria fazer como algumas colegas de redação, que cruzavam e descruzavam as pernas para deixar o velhinho empolgado e ter qualquer tipo de favorecimento - tipo uma folga extra na segunda-feira, ou um aumento de desalário. Ele lançou àquele velho olhar de lobo tarado. Primeiro no seu excepcional par de seios revelados por insinuante decote, depois para suas pernas. Você se chama Anna Linda, mesmo, ou o linda é so...





Anna Linda, era esse mesmo o nome dela, de batismo. Muitos brincavam com seu nome, pois, faziam referências à sua imagem - era linda, linda de morrer, como se dizia. Gostava de ler e foi muito dedicada aos estudos. Sempre tirava boas notas. Estudou inglês e espanhol, como forma de ser uma profissional melhor preparada. Não satisfeita, fez um curso de fotografia, e arriscava fazer alguns desenhos - ela era assim, de tudo queria fazer um pouco.
Estagiava num pequeno jornal  popular, mas queria chegar à tv, quem sabe ser  apresentadora de telejornal, ou ser da equipe de jornalismo de rua. Queria aparecer, ser famosa, e , procurava um furo de reportagem para sair do ostracismo, deixar de ser mais uma estagiária gostosona, cortejada, desejada pelos velho e decadente chefe de jornalismo daquele folhetim, que só era muito lido pelos inúmeros crime que eram registrados em suas páginas - espremendo -o, correria sangue.

Jornal feito para o povo, para os que lêm as páginas de esportes e policial. Ela estagiava ao lado de   Eleno  João, mais conhecido como Jojo, conhecido jornalista policial. Tinha na sua equipe o fotógrafo Zezeu - o homem que mais registrava presuntos na violenta cidade grande. Vísceras expostas pelo golpe da faca, facão. Tiros na testa. Braços decepados e corpos esmagados por acidentes dos mais diversos - "na lata" - era assim que dizia.
Fotos explícitas, com gente vítima de todo tipo de crime, dos mais simples ao mais bárbaro ato contra a vida humana. Esquertejados pobres, e bilionários.
- Gosto do que faço, e estou no rastro do psicopata do Lobato. Sabe, como é, eu queria no início da carreira ser fotógrafo de celebridades, e fazer fotos de mulher pelada, não deu. Cheguei aqui com vinte anos, depois de um curso de fotografia. Fui ficando, fui ficando, e, hoje ja tenho uma dezena de anos fotografando a morte.
Dizia, Zezeu, enquanto arrumava o seu equipamento pra mais um dia de batalha. Vez ou outra, atendia às muitas ligações no celular. Anna tinha a mania de ficar arrumando os cabelos. Fios pendiam de sua testa, cobrindo-lhe os olhos azuis. Vestia-se com fina elegância, saias curtinhas, ou calças jeans justas que desenhavam suas formas. Tinha uma bunda formosa, grande, um par de coxas roliças, longilíneas. Quadril largo, insinuouso - pendente por uma cinturinha fina - de violão.
Uma mulher que era falsa magra, pois, onde devia ter carne, tinha.

Zezeu a esgueirava com olhares discretos, ora no lindo par de seios - eram de forma de avelã, durinhos e estavam sempre desprovidos da proteção de um sutien. Os biquinhos sobressalentes ao tecido. Ele se quer mexiam quando ela andava. Várias de suas blusas tinham decotes generosos que os deixavam quase à vista. Quando estava assim na redação era um senhor nos acuda para todos os tarados de plantão - do porteiro, segurança, motorista aos colegas de profissão. E o velhote tarado, ah, esse seguia da porta de entrada á sua sala de olho no par de seios - seguia se chocando com as pessoas que transitavam pela sala, de olho nos seios dela.
- para onde vamos, mesmo...
Indagou a deliciazinha para o fotógrafo, engolindo na sua pronúncia a interrogação, uma frase solta, palavras delizadas.
- Pra um motel - disse o fotógrafo sem pestanejar.
- O quê, deixa de graça, falo qual vai ser o nosso servicinho hoje...
- Falo sério, ele atacou de novo, fez mais uma vítima.
- Vai economizar nas fotos, dessa vez, não vai... não gosto  muito defotos tão explícitas nos meus textos. Odeio corpos abertos vertendo sangue. Sou uma pessoa sensível...
- Ora, querida, acha mesmo que os leitores  lêem o que escreve, eles adoram é ver fotos de gente morta. Um , ou outro pode ate  ler, para saber dos detalhes da morte do infeliz, mas, o que chama o leitor pra matéria são as minha fotos. O povo é mórbido, sádico.
Anna Linda  fez um muchocho com os lábios, recusando olhar nos olhos do colega de trabalho, pegou a sua bolsa, ali tinha o pequeno gravador, canetas e um bloquinho de anotações, mais o netbook - ainda não ganhava o bastante para ter um tablet, como os demais companheiros de redação. Seguiram para o motel. O carro da redação entrava pelas ruas do subúrbio ferroviário, ruas de terra de chão, casebres de gente pobre nas lateriais. Senhoras gordas desfilavam com suas crianças barrigudas, sujas, de pés descalços e nariz remelento. Porcos funçavam num lixão.

O motel ficava num local ermo, sinistro - não entendia como casais poderiam frequentar tal local.
Ali, no quarto 23 estava o corpo de uma linda mulher. Cabelos loiros, de corpo escultural. Seu corpo apresentava várias perfurações, de objeto contundente, pontiagudo. estava semi-nua, parecia que foi assassinada antes mesmo  da prática do sexo. Tinha um furo na nuca -, sinal de que fora alvejada de forma covarde, por trás. Num local do corpo que a impediria de gritar.
A polícia técnica fazia o seu trabalho, protegia o ambiente da possibilidade de perda de provas, ou de violãção do local do crime. Zezeu era velho conhecido do pessoal da polícia técnica. Tinha livre acesso. Zezeu não deixava nada espacar à sua lente nervosa. Cli,clic, clic, clic...sem parar. O delegado Delgado de Aguiar colhia depoimentos dos funcionários. Seria difícil pegar o culpado.

Fora a mulher assassinada  quem pagou a conta, de forma antecipada, no cartão. Havia trazido o seu assassino no seu carro - o carro estava na garagem - o assassino saíra andando. Nada de câmeras no motel - dizia um funcionário que os clientes não gostavam de serem filmados. O nome do motel dizia tudo Paraíso dos Amantes - e em letras garrafais tinha um neon que dizia - Aqui sua privacidade é total.
Anna Linda, entendia, agora o por quê da sua localização ser num local tão ermo, até perigoso para assaltos.
- E, então, mais uma vítima, mais uma matéria com o óbvio ululante. Ele continuará impune matando belas mulheres, e a polícia segue sem pistas. Colheu algo que possa nos dar uma luz nesse caso...

Indagou Zezeu para a colega. Esta digitava, de forma ágil no netbook, e colhia informações adicionais que foram feitas anteriormente no seu bloquinho de anotações. Anna lhe respondeu que daquela vez, parece que havia algo interessante. Foi informada pela camareira que ao entrar no quarto para arrumar a cama, logo que o casal entrou, como das outras vezes, ele se mantêm no banheiro - um claro sinal de que não gosta de aparecer para os funcionários.

- Normal, um criminoso tende a proteger a sua identidade.
- Nada, não é so isso, esta camareira, assim como a do motel da orla, notou que ele usava um paletó fino, e sapatos lustrosos, da  marca Senior Boot.
- E isso ajuda em quê, muitas pessoas usam essas coisas numa cidade como essa cheia de shopping, lojas de grife. É como caçar um criminoso por que tava com uma camisa da His ou uma bermuda da Ciclone.
- Sei, mais isso revela que estamos no encalço de alguém de boa condição social, ja fica descartada a hipótese de que o paletó visto pela camareira no crime passado, como o paletó do marido da outra vítima, que ele podia ter encontrado no carro da vítima, pra dar baculejo em busca de algo de valor. A peça de roupa era dele.

Anna Linda queria fazer sucesso na carreira, era visível que perseguia isso. Tinha muita ambição, mas não era de passar por cima dos outros para tal. Teoricamente tinha total preparo - passou a ver de verdade, como era a vida de jornalista, quando foi pras ruas, quando passou a fazer parte da equipe de jornalismo de um jornal - o mais popular dos populares. Ali, notícias de estupros, assasssinatos, sedução de menor, incesto dos mais diversos, seguido de gravidez da filha menor - pais tarados, essas coisas. Crimes diabólicos, de todos os tipos - incluindo, vários esquartejamentos.




- Sei, e quer fazer o quê, pegar o tal psicopata do Lobato?

Disse, Zezeu, ja visualizando previamente as fotos tiradas no local de crime na sua digital. Ali, escolhia as fotos que iram compor a matéria - isso se o chefe não resolvesse meter o dedo.
A matéria saiu, falando de mais um crime no subúrbio, e nada acrescentou à carreira de Anna Linda.
Um psicopata ali, agia. Várias mulheres mortas, de forma misteriosa. Sempre por objeto contundente, cortante e perfurante. Primeiro, um golpe na garganta pra vítima não gritar. Depois o seu corpo era mutilado.

Por vários meses o criminoso vinha agindo, e a polícia não conseguia pegá-lo. De provas, so algumas birras de cigarro de menta de uma famosa marca. Ele não deixava provas outras. Nada de impressões digitais - parecia ter todo o cuidado em apagá-las, era o que parecia. Nada ficava dele em corrimãos, botões de elevadores, maçanetas de portas - nada, nada. Parecia pensar assim: " Todos os merdinhas desta cidade gostam de usar marcas conhecidas."
Anna Linda encontrou o meio para arriscar pegar o psicopata, tramou com o fotógrafo. Esse topou ajudá-la. Vivia de bar em bar e nos locais mais chifrins daquele subúrbio para poder atraí-lo. Não deu certo. Foi mais além, ja que não era de desistir facilmente. Alugou uma casa nas redondezas. A sua beleza estonteante correria de boca em boca, e poderia funcionar assim para ser a isca perfeita. Não deu certo. Depois de 04 meses custeando o aluguel junto com Zezeu, desistiu. Teve que ter habilidade mil pra se livrar dos assédios dos conquistadores baratos dali. Velhos comerciantes lhe ofereceram uma vida de conforto - outros achavam que iria conquistá-la por ter uma moto de 125cc com prestações para 05 anos.

Foi frustrante, mas entendia que vida de jornalista era assim, mesmo. Cheia de sacrfícios, e algumas estratégias que nem sempre davam certo. O sabor do almoço dos pequenos restaurantes do lugar era de papelão.
Foi comprovado que três das mulheres assassinadas eram prostitutas. Uma trabalhava numa boite na Av. carlos Gomes, famoso point de travecos, lésbicas e simpatizantes aos sábados, à noite. Duas eram de pista ,na orla.  Anna Linda estava pensando em ficar entre as prostitutas na orla e na Av. carlos Gomes. 06 meses depois, nada. Desistiu. O seu salário foi embora com estadias em hotéis baratos para pernoite, jantares em restaurantes noturnos, desses baratos, táxi. E tudo o que recebera do chefe foi uma gargalhada de deboche. Agora, estava dura e era alvo de gozação dos colegas de redação. Diziam dela : "A investigadora linda, linda de morrer." "Fez muitos programas?" - gozavam outros. Em dez meses o assassino recuara. Teria sido preso por outra modalidade de crime, ou fugira da cidade? indagavam.
Meses depois. 2:oo h da manhã, O telefone tocou, tocou, tocou,tocou...Até que Ana acordou. Com voz embargada, sonolenta, falou o "alô" mais rouco de sua vida.
- Sei que você está ha meses atrás de um furo de reportagem , não é verdade?
- Quem está falando?
- Um furo de reportagem pode mudar a sua vida profissional?
- Escuta aqui...não tem o que fazer, não? Passar trote uma hora dessa da madrugada...
- Falo do pisocopata. Ele voltou a atacar. Sei como lhe dar pistas.
O estranho do outro lado da linha foi convincente o bastante para retirá-la da cama ás pressas. Arrumou os cabelos passando as mãos. pegou a bolsa. Ligou para o fotógrafo, marcando o local do encontro, onde estaria o estranho que falaria sobre o psicopata - daria pistas para que a sua identidade fosse revelada, talvez. Decidiu arriscar.
Ela chegou de táxi. O local era ermo. O motorista mentiu quando disse que ficaria aguardando. Assim que ele desceu arrancou com os pneus cantando. Normal, vida de jornalista era isso mesmo, o perigo, o desconforto e péssimos salários. Estava no Lobato, na prainha. A água do mar  exalava um aroma fétido. As ruas eram escuras. Barracos  formando becos sinistros. Havia uma praça cercada por amendoeiras. Um silêncio sepulcral dominava o ambiente. Anna Linda estava tensa, amedrontada.
Então, ele chegou antes do fotógrafo.
- Eu conheço jornalistas, sei que deve ter chamado o fotógrafo para para fazer um registro...como vou confiar em você assim?
- Não o chamei, escute, eu até pensei, mas ele se quer atendeu o telefone...
-Você quer fazer sucesso como jornalista. Conheço jornalistas, querem aparecer mais do que a matéria...
- Escute amigo, se não tem nada de útil, vou-me...
- O jornalista,bah. Vocês são de ego do tamanho do mundo. Boa merda é um fotógrafia não é? Quem é o fotógrafo? Apenas um profissionalzinho de merda que fotografa vítimas sanguinolentas...
- Eu vim atrás de um furo de reportagem, não de queixumes. Por acaso, você é , ou tentou ser um fotógrafo?
Então, a lua cheia foi a única testemunha daquele crime. Logo cedo, a imprensa ja fotografava a jovem jornalista, que era linda de morrer  e que andava em busca de um furo de reportagem, e agora tinha um furo no peito. Apenas, mais um crime do psicopata- ou quem, sabe um furo de reportagem.






































sábado, 19 de novembro de 2011

O Olho de Deus


Da  janela do seu quarto podia ver o desenho das pernas dela, tinha parte do seu corpo desnudo pelo lençol alvo. Havia acordado na madrugada, e como àquela parte entre os dois prédios, um vão sempre estava às escuras naquele horário, alta madrugada, por intuíção, resolvi olhar, e vi a janela aberta, a luz acesa e o par de coxas grossas, roliças expostas - a parte da bunda estava coberta pelo lençol.

Acendi mais um cigarro, e continuei olhando, imaginando se ela estava daquele jeito, convidativa para qualquer morador, que porventura, acordasse na madrugada e, acidentalmente olhasse para o vão entre os prédios, ou era mera coincidência.Talvez, ela estivesse acompanhada, e alguém necessitasse estar com a luz do quarto acesa.
Ela mexeu as pernas, o par de coxas se abriu mais ainda, o lençol correu mais. agora, a calcinha miudinha, fio dental tentava a muito custo conter a sua região glútea, uma bunda grande, bonita, na medida. Os prédios eram juntinhos, a noite se desnudava na madrugada - um silêncio sepulcral reinava - ao longe, um ruído,  de um carro que passava em velocidade. O meu sangue estava assim, como um carro ganhando a pista, tomando um rumo desconhecido.

Ela sabia que eu a observava, fazia áquela sedução de forma consciente - ou era so uma displicência, um momento de vacilo entre a vizinhança. Fosse o que fosse, fui me deixando seduzir. Estava interessado em ver mais, e fiz uma loucura. Sai do meu apartamento, conheço muito bem o meu prédio.

Posicionando-me nas escadas do oitavo andar poderia ganhar um vão e ali ficar frente a frente com a janela dela. Abri a porta, de forma silenciosa, deixei-a encostada e desci quatro andares pelo elevador, e mais um pela escada, ali fiquei mais próximo da janela dela, e pude ver o seu corpo em toda extensão.

Estava deitada na cama sozinha, parecia ser solitária, uma moradora nova naquele prédio. Tinha cabelos ruivos, posicionada de costas pra mim. Era muito bela, costas largas, braços esguios.

O que fazer, ficar ali olhando, admirando como se fosse o olhar de Deus, que a tudo ver, mas em nada toca. Num movimento brusco, se desfez do lençol, ficou completamente desnuda da peça fina e alva. Seu corpo era belo, muito belo.

Havia uma distância entre nós, considerável, como se fosse Deus e à Terra. Dois prédios, dezenas e dezenas de moradores, Pensei como Deus naquele momento. 
O que estavam fazendo os moradores naquele horário. Alguns dormiam a sono velado, outros curtiam prazeres desmedidos, de todas as formas - ela dormindo, ou intencionalmete, exibindo-se para Deus e o mundo. Acendi mais um cigarro, a noite seria longa - Talvez, ela tivesse aberto a janela, acendido a luz,  aventurando ter naquela madrugada, alguém que pudesse ter a sorte, de uma noite de insônia, poder vê-la com o olhar de Deus.







sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O Dragão da Carlinha

Carlinha nem esperou a mãe largar as sacolas cheias com produtos do supermercado e ralhou:
- Mamãe, coisas estranhas acontecem.
As sacolas foram depositadas em cima da mesinha da cozinha, com força - dois ovos se partiram.
- O que foi, filhinha...
Então Carlinha começou com seus queixumes. Falou dos cabelos, das unhas e das sandálias amarelas. Dizia assim:
- Os meus cabelos estão mais cheios e compridos, as minhas unhas cresceram e as minhas sandálias amarelas não dão mais nos meus pés- elas encolheram, diminuíram de tamanho, isso não é incrìvel...
-Ora, filhinha...
Disse a mamãe, interrompendo a articulação de mais uma frase, por parte da menina. Com o engasgo de um sorriso, retrucou:
-Nada de estranho aconteceu, unhas crescem, cabelos crescem diariamente, e as sandálias amarelas não encolheram, é você mocinha, que tá crescendo.
A menina não encarava a mãe, manipulando um tomate vermelho, desconversou:
- Olha, tem um dragão enorme debaixo de minha cama, a cauda dele é graaandeee, e ele cospe fogo pelas ventas, isso não é estranho pra senhora...
- Normal...
- Normal....- indagou a menina arregalando os olhos, com espanto.
- Sim, normal criança ter imaginação.
Em pouco tempo o almoço estaria pronto. A menina, em silêncio observava a mãe manipulando as coisas da cozinha, e tentava ajudar - enquanto pensava que o dragão poderia a qualquer instante sair debaixo da cama e invadir a cozinha.




















Brincar de Morrer

Diante do caixão, onde estavao corpo inerte de seu vovô, Julinho enxugou as lágrimas que escorriam pelo  rosto angelical de sua mãe. lançou um último olhar para o rosto desbotado, sem vida do vovô,e lançou uma frase fria, perguntou:
- mamãe não chora e me diz, por que as pessoas morrem...
A mãe o tirou dos seus braços, e forçou a sua cabecinha para que encostasse no seu ventre e ficasse de costas para o caixão.
- É o ciclo da vida, a vida tem começo, meio e fim. A gente nasce, cresce, vive  e morre. Ele está bem, vai pro céu.
- Sei, mas a morte é tão triste, você ta chorando. Um enterro é tão triste, o cemitério é tão feio - e ta caindo um chuvisco fino.
- É, mas tudo passa, até o chuvisco vai passar.
- Vou sentir falta do vovô.
- Todos vamos sentir.
E, naquela tarde de domingo,sob um clima de extrema melancolia, o caixão do vovô descia para a sepultura. Julinho, com oito anos, subia para a vida. Liberto dos olhos da mãe corria pelas sepulturas brincando de esconde-esconde com a priminha Dada, de nove anos.












Não Pode

O pai estava sentado no velho sofá com a mão direita  em cima do olho esquerdo, parecia tapar o olho. A tv estava ligada, mas ele parecia não prestar atenção na programação. O trinco da porta virou, a porta abriu, dois policiais entraram na sala, com passos mansos, mãos nas armas. Olhavam para o recinto, como se procurassem por alguém.
- Foi o senhor, moço, que chamou à polícia...
- Foi - respondeu secamente, de olho na televisão.
O pai tirou a mão do olho revelando um olho roxo, inchado e fechado. Falou o pai:
- Não pode bater, pode...
- Não pode, disse a policial feminina,a Tenente.
- Colocar no milho, de castigo, pode...
Disse o pai, com voz embargada, sufocada.
- Não pode - disse a pfem.
- E esse olho rôxo...- indagou o policial, com a mão segurando o cabo da pistola.
- Foi ele...
- Vai dar queixa...- indagou a Tenente.
Depois, de alguns segundos de silêncio, respirando forte, quase sem fôlego, respondeu:
- Ele é menor.
- Por quê ele fez isso...
- Não sei, acho que não tive tempo para educá-lo. Trabalho muito. Quando saio ele  ta dormindo, quando retorno do trabalho ele ja ta na cama. dei uma bicicleta pra ele quando tinha 7 anos de idade. Ensinei-o a andar de bicicleta, depois nunca mais nos vemos, hoje, sete anos depois, quando nos reencontramos, recebi de agradecimento esse olho rôxo.























Caça às Bruxas

 

Cadê a mulher para lavar os pratos
Ta lavando  a poesia
Cadê a mulher pra varrer a casa
Ta varrendo poesia 

Cadê a mulher pra cuidar da casa
Ta cuidando da poesia
Cadê a mulher parida
 
ta parindo poesias 


Cadê a bruxa que tava aqui

Virou uma fada escrevendo poesia








































A Menina da Blusa Branca

Desejada, cortejada - era assim, por onde ela passava, onde  ia um olhar de lobo a acompanhava. Um par de olhos sedentos a buscavam. No geral, direcionado para suas formas. De carne tenra, imaculada. Sedutora, gostosa - seu irmão a chamava de delicinha - e ela, o recriminava -, "pára com isso seo tarado, vou falar pra mamãe." Ela ostentava um par de seios formosos, durinhos. mantinha-os sem a proteção de um sutien, sendo assim, a cada passo dado, eles subiam e desciam embalados pelo rítmo de suas passadas. Os aposentados babavam, e por, alguns segundos esqueciam o jogo de damas e o baralho no tabuleiro descascado para acompanhá-la, a cada passo dado com aquele shortinho que desenhava suas formas de menina - mulher.

Desenvolvia um rebolado natural quando andava. A rua parava para olhar àquela bunda formosa, sedutora - era tão desejada que às vezes se sentia uma rainha. A rua pequena de mão dupla, engarravafa quando ela ia na padaria no fim de tarde, ao por-do-sol buscar o pão morno na padaria do Manuel, um portuga que fazia questão em lhe despachar, no balcão. Ele lhe rasgava inúmeros elogios, e até lhe dava mais um ou dois pães, de quebra.

Enquanto passava o troco, tocava em suas mãos, dedo a dedo - aquilo parecia lhe dar um prazer desmedido. Um simples toque nos dedos tenros, miúdos, de aparência frágil. Percebia-se a excitação no rosto do portuga. O suor lhe molhava o cenho.

- Tchau, até amanhã, talvez, volte, acho que minha mãe vai querer o leite -  esquceu de me dar o dinheiro.
E, todos ficavam na expectativa de que ela retornasse, mas depois de mais de 20 minutos, sabiam que ela não retornaria - mas, ficava na mente de todos da padaria o par de coxas bem torneadas, apesar de não serem longas, eram grossas, o bumbum arrebitadozinho, a barriguinha de fora, durinha, com um piercing, lembrando áquelas dançarinas de dança do ventre. Um par de seios pomposos, apontando para frente - como se pedisse- pegue-me, chupe-me. Estou chegando na linha de frente.

Ela vivia com uma blusinha branca. E, eles e elas travestidos de fantasias, taras,sonhos, desejos proíbidos. Caso pudesse contar, com detalhes, as fantasias com o corpinho dela, seriam trechos inteiramente pornográficos, impublicáveis. Desejavam tocar em sua pele, com sofreguidão, sentir o calor de seu corpinho. Homens e mulheres, Ouvir seus sussurros, gemidos, tirar todo proveito possível para os prazeres da carne. Subtrair sua inocência, iniciá-la nos prazeres proíbidos, maculá-la.
- Menina, não tem vergonha de usar tanto essa blusinha branca, vai tirar esse troço.
Dizia sua mãe, com ares de reclames.
- Ah, mãe, eu gosto tanto dela, é tão gostoso sentir o seu tecido na minha pele.
Tantos a desejavam, tantos queriam o seu corpo. Homens e mulheres, de todas as idades, de diferentes classes sociais. Tantas fantaisias alimentadas, taras, desejos.
Ela, com sua ingenuídade peculiar - mas tinha várias defesas. "Ainda sou muito novinha pra namorar". Imagine, perder a virgindade. Casar, nem pensar. " Só estudo, não trabalho, nem namoro".
A sua blusa branca protegia os seus seios, cobria-os com competência, porém, deixando os biquinhos sobressalentes estenderem-se sobre o tecido fino. Uma peça de pano, sem vida tinha o privilégio de tocar em sua pele, tocar áqueles dois pomos sedutores. Uma verdade se estendia, com o passar do tempo, ficaria desbotada, com linhas soltas, descosturando-se, e seria abandonada num canto qualquer, se quer servindo para pano de chão, e sem poder agradecer de ter tido o privilégio de acariciar os seios diariamente, daquela linda, desejada menina mulher. Nem quero falar da    calcinha vermelha que ela cansou de ter  usado - e que hoje foi parar no lixo - desprezada. Mas, que tivera o provilégio de cobrir e tocar nas parte mais desejada da  princesa da rua de mão dupla - que andava com a blusa branca andando à beira-mar para o pão de cada dia comprar na padaria do portuga Manuel.
















quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O Homem Gato

Animal muito querido pelas mulheres a ponto de classicar o homem mais bonito da rua, da escola ou da tv, como sendo um gato. Os gatos não incomodam porque não fazem coco em qualquer lugar, não, pelo contrário, escolhem , no geral um local que contenha areia, e pasmem, eles jogam areia sobre a sua obra numa tentiva de provar para seu dono e para o cachorro da casa que é um animal dócil e limpo. No geral, em uma casa, o gato escolhe apenas uma pessoa para se afeiçoar - é isso, os gatos são seletivos - existe  os que vive numa casa e não querem nada com ninguém, so vive ali, por que tem abrigo e comida. O gato às vezes fica na dele.

Ao contrário do cachorro, o gato não incomoda a vizinhança com seus latidos, pois, os gatos não latem - incomodam um pouquinho quando estão no cio, daí ficam nos telhados caçando as gatas e miando alto pra lua. Nesse período eles incomodam. Mas, mesmo assim, são bem diferentes dos cachorros - um cão, no geral late por qualquer motivo - um saco.
- Eu quero um gato como namorado.
Dizia uma adolescente daquela rua.

- E eu quero um gato para marido, dizia a sua irmã mais velha.
Gato daqui, gato dali, gato em tudo que é lugar.
Depois de muitas viagens por países do oriente, incluindo alguns locais pouco conhecidos, exóticos -  onde havia uma religiosidade muita forte. depois de uma viagem pelo Tibet, Paulo Andrews retorna para casa, trazia nas costas uma mochila cheia de livros antigos, escritos em couro de cabra montanhesa, com tinta feita de sumo de frutas. Não se sabe se os livros foram comprados, ou surrupiados de um algum templo milenar.
Passou meses folheando os livros, trancado em seu quarto a ponto do seu computador criar teias de aranhas e as contas da interner foram se acumulando, até que foi cortada. Nada mais de games, vídeos de mulher pelada, msn, orkut, facebook...

Leu todos os livros, releu. Tinha a impressão que tinha companhias invisíveis a lhe sussurrar palavras de pronúnicia desconhecida ao seu ouvido - e ele as repetia, em voz baixa, quase sussurrada. E, assim a coisa se estendeu por longos dias, noites.O gato era animal sagrado no antigo Egito dos faraós. Vários desenhos sobreviveram ao tempo nas paredes de construções milenares, as pirâmides. Os gatos avisavam quando algo de ruim ia acontecer, ficavam, no geral nervosos, andando em círculo, miando de forma estranha.

As meninas adoram os gatos - homem bonito. Na idade média, as bruxas, as feiticeiras adoravam o gato preto. faziam encantos e bruxarias com a participação do mesmo. Paulo Andrews viajou pela velha Europa. Visitou bibliotecas centenárias, consultou e surrupiou livros antigos de bruxaria. Adentrou em antigas igrejas, e ali, consultou livros empoeirados nas bibliotecas seculares da igreja.
As vozes continuavam a lhe falar, em linguas milenares - celtas e vedas, até. Sussurravam esconjuros, bruxarias, feitiçarias, encantos - e ele, com voz baixa, repetia o que ouvia, por intuíção.
Naquela noite, a doce menina virgem estava com calor, resolveu dormir com a janela aberta. Todos sabiam o quanto ela adorava gatos, os bichanos e o que era homem bonito.Estava triste com saudades do Belusconi, seu gato de estimação que havia sumido - o vizinho era o maior suspeito.

Quando suas pupilas ja pesavam em seus olhos anunciando a chegada de mais uma noite de sono, foi tomada pelo susto ao ver um gato preto, lindo de rabo grande e grosso pular pela janela e lhe lançar um olhar penetrante, conquistador. Ele lambeu uma das patas, sentou-se no parapeito da janela. A doce menina o chamou estendendo os seus braços, e dizendo:
-Vem, bichano, dorme comigo, eu adoro gatinhos, você é lindo, apesar de ser todo preto.
Para sua surpresa, após trocas de mimos, abraços e muita graça, a menina assitiu ao espetáculo mágico só visto nas noites das bruxas, ou nos oráculos das dependências seculares dos mágicos dos faraós.

O gato foi se metamorfoseando, até que se transformou num lindo gato homem, completamente despido. Ela o olhou com pavor, mas não soltou um grito de horror, A lua cheia não era a de uma noite de terror, era uma lua dos amantes, dos enamorados - e ali, ela foi deflorada. Sentiu dor e prazer. Até uma paixão brotou no seu coração, efêmera paixão. Dormiu satisfeita, abraçada com o seu bichinho.

No dia seguinte, ela acordou sozinha na cama, e não sabia ao certo se havia sonhado, ou se vivera aquele momento mágico. Um gato invadiu o seu quarto no momento em que ia dormir e a deflorou com tamanha intensidade que amanheceu se sentindo mulher.
O gato sumiu, e ela até hoje o procura, e avisa para as amigas:
- Menina, caso um gato preto apareça na porta do seu quarto à meia-noite não o deixe entrar, ele pode virar um homem lindo e te deflorar, e o pior é que ele desaparece, e nunca mais.


























Coração de Borboleta

- Eu quero que você hoje me veja na can.
Disse ela à distância, desenvolvendo em seu ser sequioso pela sua carne tenra, e por uma carícia ousada em seu corpo, um míster de tesão exacerbado, com desconfiança. Ela insistiu, instigando-o, fustigando seu ser sedento e faminto pela sua carne imaculada.
- Eu não disse que cedo ou mais tarde, ia ligar a can pra você...

A distância era sua defesa, e para ele um tormento. Sabia que ela estava num momento de tesão, pois estava numa atitude expressiva que não lhe era peculiar - escrevera sem pudor desmedido, a palavra TESÃO, e sem reclamar, como das outras vezes, desenvolvera com ele, lhe dando total atenção às suas descrições repletas de temperos de libido, sensualismo com desejos ardentes. 

Seu coração estava em disparada e seus pulmões ofegantes faziam que respirasse com difculdade. Tudo o que ele queria naquele momento era poder encontrá-la, e fazer para aquela menina uma demosntração de maestria, como se deve dar prazer a uma mulher - menina.

O bate-papo se desenrolou, com total desenvoltura pelo msn - havia alguns dias que se conheceram -, ele se comportava como um lobo, predador de virgens. A todo instante se insinuava, e ela, como sempre esquiva, postura de freira, a ponto dele questionar se ela gostava mesmo de homem, e naquele dia, ela vomitou assim: caso fosse uma freira, seria a freira mais putona do convento.

Naquele dia ele não prolongou o papo, pois ficara surpreso com tamanha mudança de comportamento, questionava se era ela mesmo a lhe falar com caminhos voltados para o sexo, falaram de tudo um pouco, ele saiu mais cedo e foi se recolher, ainda tolhido pela sua imagem na cabeça. Queria muito ter nas mãos os seios medianos que ela tinha. Ela tinha seios medianos que se desenhavam no fino tecido de sua fotografia.
- Eu sei por que você gosta de seios medianos. 
-Então, diga o por quê, quero ouvir de você.

- Eu tenho imaginação fértil, eu sei...você gosta de por ele todo, inteiro na boca, e talvez, o tamanho do seio dê para fazer um jogo de homem maduro, com mulher novinha, não é isso...
Ele trilhou este rumo - "adoro os seus seios" -, ela respondeu que ja sabia disso, que ele ja havia se pronunciado a respeito. Ele tentou desconversar, havia ficado sem graça, talvez, quisesse deixá-la um pouco interessada por sexo, realmente, não brincar de sexo verbal pelo msn. Ela, depois de ouvir muito, falou assim:


- Gosto de sexo pelo sexo, sexo animal, eu sou bem intencional.Nunca quero ter os dois, o sexo e o coração do homem, que estiver comigo na cama.E não gosto muito de ter seios medianos, queria que fossem maiores, enormes. 
Dizia ela, com safadeza desmedida.
- Querida, o sexo é coisa animal, tem sexo por sexo, sim, tesão puro, e pronto. Temos isso em comum, isso me alegrou.

-Assim eu  quero, só com  tesão, sem amor. Não penso, nunca em casamento.
Ela se revelava, apesar dos seus vinte e poucos anos, uma menina ingênua, com muito para aprender, tinha sede demais no seu falar. Havia saído ha pouco tempo da infância, apesar de ter mais de vinte anos, e ele com sua idade ja avançada se deixava seduzir pela cabritinha - estava cheio de desejos proibidos por ela. E, ela mostrando a sua face escondida, cheia de desejos de mulher.


- Sabia que  sonho em me entregar a um homem, mas tenho medo de paixão. Queria so sexo puro, prazeres desmedidos.
Ele foi bem observador, e ralhou assim:
-Minha querida, a paixão, toda ela é passageria, tem até pesquisadores, que ja provaram que a duração da paixão entre duas pessoas não passa de dois anos. Isso mesmo, paixão tem prazo de validade.

Ela ficou algum tempo em silêncio,e em segundos, optemperou assim:
- Caso você fosse um bicho, qual deles gostaria de ser...
- Uma lagarta.
- Por quê uma lagarta.
- Porque as lagartas têm coração de borboleta.
Daquele dia em diante, quando falava com ele à distância, o seu coração acelerava, e sentia em seu corpo reações que só uma mulher sequiosa por prazeres , além de disposições orgânicas que deixavam seus seios medianos instumescidos, com o biquinho saliente, e havia um clamor desmedido entre suas pernas pedindo, pedindo muito. Sentia-se, depois daquele dia, um sapo, quem sabe um passarinho, ou um camaleão, qualquer bicho que pudesse traçar uma borboleta,com prazer, muito prazer.